Gasolina adulterada: como identificar, evitar e agir em caso de fraude

A gasolina adulterada é um problema que afeta milhões de motoristas brasileiros todos os anos. A prática de misturar substâncias não autorizadas ao combustível prejudica diretamente o funcionamento dos veículos e representa uma fraude grave no setor.

Os cuidados com o carro se tornam ainda mais importantes diante de um cenário onde o abastecimento é frequente e nem sempre confiável. Para quem depende do automóvel no dia a dia, os prejuízos vão muito além do tanque: afetam o motor, o bolso e a mobilidade.

Neste artigo, você entenderá como identificar gasolina adulterada, quais são os riscos para seu veículo, o que diz a legislação e como denunciar esse crime. Continue a leitura!

O que é gasolina adulterada e como ela é produzida?

A gasolina adulterada é aquela que contém substâncias não autorizadas ou fora dos limites permitidos pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Essas substâncias alteram sua composição original, comprometendo sua qualidade e funcionamento no motor.

A adulteração desse combustível geralmente envolve:

• mistura com solventes industriais: como tolueno, benzeno ou xileno, usados para aumentar o volume de forma fraudulenta;
• excesso de etanol anidro: acima do limite legal permitido (atualmente entre 18% a 27%);
• combinação com óleos e resíduos inadequados: que não têm função energética e provocam danos ao motor;
• armazenamento incorreto: que compromete a integridade do combustível, favorecendo reações químicas indesejadas.

Essa prática é feita de forma clandestina, geralmente em distribuidoras ou postos mal fiscalizados, com o objetivo de aumentar o lucro de forma desonesta. A mistura reduz o desempenho do combustível e causa danos ao veículo e ao meio ambiente.

Como identificar gasolina adulterada no seu veículo?

Os sinais de alerta costumam aparecer logo após o abastecimento e eles podem ajudar você a identificar se o combustível está comprometido. Atente-se a:

• perda de potência: o carro pode ter dificuldades na aceleração, retomadas ou subir ladeiras;
• falhas na ignição: dificuldade ao ligar o carro, especialmente pela manhã, ou o funcionamento irregular do motor;
• consumo acima do normal: se o tanque parece durar menos que o habitual, criando a necessidade de abastecer com mais frequência, pode haver problema na queima do combustível;
• engasgos ou falhas no motor: o funcionamento irregular pode indicar impurezas no combustível;
• luz da injeção acesa: quando o sistema eletrônico detecta anomalias na queima do combustível, essa luz pode acender;
• odor forte e incomum: cheiro excessivo de solventes ou álcool no escapamento;
• fumaça escura: emissão de gases em maior quantidade, sinal de combustão inadequada.

Se você notar esses sintomas após abastecer, evite continuar rodando com o combustível. Procure um mecânico de confiança para avaliar os danos e considere guardar a nota fiscal do abastecimento como prova.

Quais são os riscos de usar gasolina adulterada?

Além da perda de desempenho e aumento do consumo, os riscos de abastecer com combustível de origem duvidosa traz prejuízos reais, que podem gerar pane mecânica ou elétricas inesperadas, como:

• danos à bomba de combustível: o uso contínuo pode gerar superaquecimento ou desgaste prematuro;
• entupimento de bicos injetores: resíduos obstruem a passagem de combustível, afetando a injeção eletrônica;
• corrosão no sistema de alimentação e escape: solventes agressivos corroem mangueiras e componentes metálicos;
• danos ao catalisador: o funcionamento irregular pode comprometer o sistema de controle de emissões;
• aumento de emissões poluentes: a queima incompleta gera impacto ambiental;
• perda da garantia de fábrica: as montadoras podem não cobrir os danos causados por uso inadequado de combustível.
• risco de acidentes por falhas: com todas essas possibilidades, aumentam as chances de acidentes críticos.

Como resultado, os custos com manutenção preventiva e corretiva aumentam consideravelmente, o que impacta diretamente o orçamento do motorista, já que o uso da gasolina adulterada pode reduzir a vida útil de peças do carro.

Qual é a legislação sobre a venda de gasolina adulterada no Brasil?

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) é o órgão responsável por regulamentar e fiscalizar a qualidade dos combustíveis. A Lei n.º 9.847/99 prevê punições severas para quem comercializa combustível fora dos padrões. Segundo a legislação brasileira:

• a venda de combustível adulterado é considerada crime contra a ordem econômica;
• os postos podem ser multados, interditados ou ter o alvará cassado;
• a ANP realiza operações frequentes de inspeção em todo o território nacional;
• a nota fiscal do abastecimento é uma prova legal importante para realizar uma denúncia.

Essas medidas visam evitar irregularidades e proteger o consumidor de fraudes no abastecimento.

O que fazer se você descobrir que foi vítima de gasolina adulterada?

Caso seu veículo apresente problemas após o abastecimento e você suspeite ter sido vítima de combustível adulterado, tome as seguintes atitudes:

1. guarde o cupom fiscal: ele é a prova do local e data do abastecimento;
2. procure uma oficina de confiança: solicite um diagnóstico completo e o laudo técnico do veículo ao mecânico;
3. comunique a ANP: registre a denúncia com todos os detalhes coletados;
4. consulte o Procon da sua cidade: busque orientação jurídica para reparação de danos financeiros;
5. evite abastecer novamente no mesmo local: até que a investigação seja concluída ou definitivamente;
6. peça análise do combustível restante: em alguns casos, pode ser coletada amostra para exame técnico.

Dependendo do caso, pode ser necessário registrar um boletim de ocorrência. É necessário agir rápido para garantir seus direitos e evitar prejuízos ainda maiores. Com essas ações, você colabora com a fiscalização do setor e também protege outros cidadãos.

Como evitar a compra de gasolina adulterada?

A prevenção começa com atitudes simples e podem ajudar você a minimizar os riscos na hora de abastecer o carro:

• dê preferência a postos com bandeira conhecida ou bem avaliados;
• desconfie de preços muito baixos fora do padrão da região;
• solicite a nota fiscal sempre e guarde como comprovação;
• peça o teste de qualidade no local, obrigatório por lei;
• verifique os relatórios da ANP, que mostram os postos autuados e lacrados;
• por fim, observe sempre o comportamento do carro após abastecer.

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